O que é Blended Finance

A Agenda 2030, criada em 2015 durante a Assembléia Geral das Nações Unidas, determinou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem alcançados até o ano de 2030. Porém, há uma lacuna de US$50 trilhões para o sucesso desses objetivos. O ritmo de investimento nesta Agenda está aquém do necessário, o que nos levaria a cumprir com os 17 ODS apenas em 2100, quando já pode ser tarde demais para um movimento de mudança. 

O setor de impacto passa a buscar alternativas que permitam a alavancagem e aceleração dos investimentos, passando a olhar não apenas para o capital filantrópico, mas também para o capital privado comercial. Surge, no entanto, uma desafiadora pergunta a ser respondida. Como podemos equilibrar a assimetria percebida, por investidores tradicionais, entre o risco e retorno de projetos em inovação socioambiental? O Blended Finance surge com uma das potenciais respostas a este dilema.

COMO FUNCIONA O BLENDED FINANCE?

De acordo com definição da OCDE, Blended Finance é o uso estratégico de capital catalítico,  em prol da mobilização de recursos adicionais, para o investimento sustentável em países em desenvolvimento. 

A estrutura do Blended Finance é formada por dois grandes pilares: o capital catalítico e o capital comercial. O capital catalítico é um recurso advindo de origens filantrópicas, públicas ou de fomento, utilizado, principalmente, na fase de preparação, formação e desenvolvimento do projeto. Este recurso concessional ajusta o risco e impulsiona o retorno dos projetos às expectativas do mercado tradicional, viabilizando a captação do capital comercial, recurso oriundo de fontes de financiamento guiadas, majoritariamente, pelo retorno dos ativos. Ou seja, o Blended Finance busca promover uma autonomia financeira comercial das soluções de impacto socioambiental, por meio de arquiteturas de investimento que reduzam risco, aumentem retornos e alavanquem impacto

QUEM FAZ O BLENDED FINANCE?

O Blended Finance tem como importante premissa articular atores com distintos perfis, considerando desde aqueles que olham apenas para retornos financeiros dos seus investimentos, até mesmo aos que colocam o impacto como a maior premissa da tomada de decisão. Assim, enxergamos 4 principais personas nesta estrutura: filantropos, ente público, investidores sociais e investidores comerciais. Cada um destes se distingue em termos de suas expectativas de retornos, metas de impacto, aversão ao risco, liquidez e instrumentos de financiamento à disposição, como exemplificado em mais detalhes no quadro abaixo. 

Fonte: Convergence

No início do artigo, acentuamos a importância da aderência do setor privado ao investimento na Agenda 2030 e, felizmente, observamos ano após ano o aumento do protagonismo do capital comercial tradicional em estruturas de Blended Finance, como apresentado nos dados do mais recente relatório da Convergence, State of Blended Finance 2023.  

Fonte: Convergence

A importância desse instrumento

Assim, iniciamos uma jornada de aprendizado e compartilhamento dos conhecimentos sobre Blended Finance. A compreensão da importância desta estrutura de investimento, do uso das distintas naturezas de capital e da articulação dos potenciais atores, nos permite avançar e aprofundar a discussão acerca desta inovadora e essencial ferramenta de alavancagem de projetos de impacto socioambiental. Nos próximos artigos, olharemos mais a fundo para as origens do Blended Finance, os possíveis arquétipos de investimento, cases de sucesso e outras curiosidades acerca desta temática. 

FONTES

State of Blended Finance 2023 – Convergence 

Demystifying Blended Finance – Convergence’s Online Course 

Finanças Híbridas para uma Nova Economia – Elaboração própria Din4mo (Marco Gorini) 

Mais artigos...